quinta-feira, 1 de setembro de 2011

drama de colocações

Há coisas que me causam uma enorme confusão e uma delas é a "novela anual" em torno da colocação de professores. Todos os anos, há directivas novas, modelos iguais que redundam de ano para ano na sua repetição e verificação dos mesmos dados, e uma enorme dor de cabeça para os seus concorrentes.

Todos os anos, salvo raríssimas e honrosas excepções, há "gralhas" no sistema de colocações, informações dadas em cima do joelho (leia-se "no arranque do ano lectivo") e questões que ficam sem resposta para o mais reles dos mortais. Mais do que ficarmos empedernidos de asco quando somos confrontados com o desgraçado que é de Melgaço e foi colocado numa escola qualquer da Mantarrota (afinal de contas ele concorreu para lá) questiono-me como é que é possível que ainda haja o "estatuto" de professores contratados neste país.

Não me refiro obviamente aos que são contratados mal saem das universidades, mas sim daqueles que, ano após ano, dançam de escola em escola, ou - menos compreensível - vêem os seus contratos renovados na escola onde leccionaram nos anos anteriores. Se são contratados, é porque são precisos, certo? E se uma escola repete e repete a sua contratação, concerteza que não o faz apenas pelos lindos olhos do leccionador; muito provavelmente será porque este lhe deu garantias mais que sustentadas que a sua qualidade será no mínimo factor mais que preponderante para que possa garantir continuidade na qualidade do trabalho até aí desenvolvido. Então... renova-se o contrato.

Ano após anos, mandam-se os contratados para um concurso que cada vez mais parece uma roleta-russa. Só que, a partir de agora, há mais balas do que câmaras vazias e o fantasma do desemprego começa a despontar nos horizontes dos anos que hão de vir. E é aqui que o Estado devia responsabilizar-se por esta situação.

A Empresa-Estado, contrata pessoas anos a fio para darem aulas (venderem, parece-me mais apropriado) e depois de uns 10, 15 ou qualquer outro período de tempo, dá-lhes um chuto no cu e atira-os para o desemprego. No entanto, consegue garantir o lugar daqueles efectivos que passam o ano de baixa, que se borrifam constantemente para com as suas obrigações laborais e que, de uma forma ou de outra, contribuem para taxas de insucesso escolar e lacunas pedagógicas que se reflectirão mais tarde ou mais cedo... nos seus filhos e pior: conseguem avaliações superiores a Muito Bom nos seus sistemas de avaliação e desempenho anuais!!

Não seria mais lógico fazer um apanhado destes "falsos-efectivos" (muitos dos quais com horários reduzidos e salários insuflados) e mandá-los para as novelas das contratações e colocar nos seus lugares, aqueles contratados que todos os anos andam com o coração nas mãos porque não sabem/podem fazer contas ao seu futuro?

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